Por LUIZ GUILHERME PIVA*
O 11 é o diabo. O canhoto. Esquecido, desterrado. Anjo caído, marginal, rente à fronteira do jogo.
O 11 é canhestro em muitas línguas. Retraído, largado, tosco, desajeitado, inábil, sem destreza. Gauche, sinistro.
Mas desmente a semântica. É o mais habilidoso, o mais ousado, o mais exibido, o mais encantador. O que suspende o jogo para que todos o vejam prestidigitar com a bola.
O 11 é o capeta. O esquerdo. O que desacata a ordem. O que quer mudar as regras, refazer o jogo como ele poderia ser.
O que põe fogo no jogo, colorindo-o. Rouge, rosso.
O 11 é o cão. O que não se adestra. O que inferniza a caravana. O que desobedece a tática e o treinador.
O 11 é o Lúcifer, príncipe das trevas, medonho, que os times evitam ter. Mas é também Vênus, estrela da manhã, fêmea bela, que todos desejam.
O 11 é o oblíquo. Ardiloso. Vesgo. Dissimulado. Cigano. Que trai e devora o lateral como uma onda repentina da ressaca.
O 11 é onde o time termina. Onde o campo acaba.
Mas onde a bola, pelo prazer e pelo pecado, gosta de estar.
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*Luiz Guilherme Piva é esquerdista.
11/11/11, 11h
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