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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Uso Político do Esporte


 Hércules Rodrigues De Oliveira
(Professor Universitário)

Bertrand Russel, em poucas palavras, disse que dos infinitos desejos do homem, os principais são o poder e a glória, o que, querendo ou não, enxergamos de certa forma na prática esportiva quando a vontade política do Estado de disponibilizar para a sociedade aberta os seus avanços tecnológicos contribuirá para a imposição da superioridade desse mesmo povo sobre os demais, cobrindo-os de glória, sob o olhar desolador dos vencidos.
 
O evento esportivo na sua magnitude é uma prova indelével do homem como animal social, e ainda serve como alternativa para disputas entre cidades, estados e nações, não negando de forma alguma, tratar-se de um mecanismo de catarse, contribuindo para a redução das possibilidades de conflitos. Assim pensaram os gregos quando chegaram a reunir vários representantes das Cidades-Estados (polis) – sempre em guerra – promovendo o entendimento coletivo e a busca pela paz na realização dos Jogos Olímpicos em 776 a.C.

 Interessante é saber que a prática que a prática esportiva, enquanto atividade política, é uma das formas do exercício do poder, seja do dominador sobre o dominado, ou, em raras oportunidades, como uma reação heroica do mais fraco contra o mais forte – o mito de David e Golias –, que corrobora o sentimento nacional de coesão do vencido, na busca de um bem comum, no caso a vitória.

O assunto, sob essa ótica, deve fazer Pierre do Frédy (barão de Coubertain), criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, remexer no túmulo, pois se dizia: “O importante não é ganhar, é competir”, malgrado o ideário grego da integridade humana expressa no lema: “Mente sã em corpo são”. Se competir fosse mais importante do que ganhar, o que explica as lágrimas e o desalento dos que perderam? Por que a mídia televisa veicula que vencer certa seleção estrangeira é sempre bom? Seria essa uma afirmação de que os outros são melhores? Ou é apenas figura de retórica etcnocentrista?
Então se conclui que o importante é vencer sempre, e não necessariamente competir. Vejamos o caso do doping, das drogas que melhoram o desempenho dos atletas e são proibidas pelas organizações que regulam competições esportivas. Com o seu uso, detonamos a máxima “mente sã em corpo são”. Na verdade, vive-se a ilusão esportiva, pois o doping é uma ação antiética com o firme propósito de superar o adversário. Isso reforça o pensamento de Friedrich Nietzsche: “Todas as ações humanas são motivadas pelo desejo de poder”.

Lembremos que vitórias legítimas ou alcançadas com recursos antidesportivos ou com métodos aéticos propiciaram algumas vezes o seu uso como elementos de propaganda política, comprovando o esporte como instrumento de poder e a confirmação sociocultural dos povos, independentemente dos regimes políticos em vigor e da própria vontade ideológica de seus atletas, que, geralmente, pouco se interessam pelos meandros da política. É o que se vê em alguns registros históricos de alguns casos, como o povo alemão, durante os Jogos Olímpicos de 1936, realizados em Berlim, politicamente explorados pelo Terceiro Reich.

Assim são as Copas do Mundo de Futebol, utilizadas como arma de propaganda ideológica pelos governos militares. A Copa de 70, no México, vencida pela fascinante Seleção Tricampeã brasileira, em plena luta contra a guerrilha em solo nacional. A copa de 1978, na Argentina, vencida pelos argentinos (de forma até hoje questionada), permitindo aos líderes da junta militar daquele país ganhar respaldo popular. As Olimpíadas de 1980, em Moscou, boicotada pelos Estados Unidos em protesto à invasão russa no Afeganistão. A Olimpíada de 1984, em Los Angeles, boicotada pelos russos em razão do boicote de Moscou.
 
Por outro lado, uma nação que coloca atletas em diversas modalidades esportivas em destaque no cenário internacional demonstra a organização, disciplina, espírito de liderança, capacidade física, intelectual, abnegação e nível de desenvolvimento, características indispensáveis de um povo vencedor. O esporte não pode ser um meio de alienação política do povo, nem tampouco um instrumento de poder do Estado sobre o povo. Para 2014 e 2016 não se pode tolerar, em nosso Brasil, a fixação da ideia da célebre frase do imperador romano Vespertino (69 d.C): “Pão e circo para o povo”.

Obrigado ao professor Andreony Figueiredo por me fornecer tão brilhante matéria.

Um comentário:

  1. É A MAIS PURA VERDADE!!! MANDOU BEM DIMAIS!!! ABRASSS!!!
    MARCELL!!!

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