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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Futebol na Escola: Muito Mais Que Jogar, Explorar o Mundo Através do Conhecimento Construído Pelo Esporte.



(Por: Vanessa Mendis da Silva)

Nos últimos anos a Educação Física brasileira procurou investir num desenvolvimento cada vez mais voltado para a prática educacional. Mesmo assim, ainda persiste o modelo tradicional, que ligado a diferentes questões, dentre elas a aptidão física, utiliza o esporte, na maioria das vezes, como meio de segregação daqueles que são ditos como menos habilidosos ou incapazes dos aptos ou melhores.
Esse tipo de pedagogia utilizada, segundo Paulo Freire, é a pedagogia do dominante, que se fundamenta em uma concepção bancária de educação (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos, como vasilhas a serem enchidas), muito encontrada ainda em nossas aulas de Educação Física, pois muitos educadores se contentam em apresentar o conhecimento pronto aos educandos, não lhes permitindo construí-lo através das suas próprias possibilidades, bastando-lhes reproduzi-lo da forma com que lhe fora ensinado.
Nessa perspectiva o Futebol vem sendo ensinado apenas como simples jogo, onde o que prevalece é o jogar futebol, o chamado "jogo pelo jogo", desvalorizando a importância do conhecimento histórico-social do esporte, restando apenas o interesse pelo conhecimento técnico. Esta maneira de ensinar, em que o educador não se interessa pela transformação dos seus educandos, mas pela reprodução das verdades prontas, é de certa forma criticada por Paulo Freire quando afirma que "transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar" (FREIRE, Paulo: p 36-37.2000).
E o pior é que educandos acreditam e esperam que aulas de Educação Física se transformem num treino de habilidades, não existindo a necessidade de se conhecer o esporte por uma outra ótica.
Partindo desse ponto, percebeu-se a necessidade de promover aos educandos uma outra forma de vivenciar o Futebol, de uma maneira com que todos participassem e opinassem nas aulas, independentes de terem ou não as habilidades necessárias desenvolvidas.
Dessa maneira, a riqueza contida no ensino do Futebol não se baseia apenas no desenvolvimento dos elementos técnicos-táticos e das habilidades motoras do indivíduo, como a coordenação motora, lateralidade, agilidade, velocidade de reação, etc., mas também no conhecimento dos códigos e significados que a sociedade lhe imprimiu, caracterizando-o como fenômeno social, em que se deve "questionar suas normas, suas condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria" (COLETIVO DE AUTORES: p71, 1992), além do resgate de valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, a solidariedade, o respeito humano, construindo continuadamente a criticidade e autonomia nos alunos.
Este artigo não tem a intenção de ser um modelo pronto de metodologia de aplicação do Futebol na escola, mas sim de ser uma apresentação de uma perspectiva diferenciada nas aulas de Educação Física na introdução do esporte. Não de um esporte que valoriza o auto-rendimento na escola, muitas vezes precoce e desumano, desestimulando um grupo maior, mas sim de um esporte em que é possível a participação de todos na construção de um conhecimento emancipatório, mais preocupado com a formação deste cidadão do que com a instrumentalização técnica destinado ao trabalho.
Em relação aos educandos e sua identificação com a metodologia aplicada, o grupo entendeu que há diferentes possibilidades de conhecer, analisar e criticar o esporte, no caso o Futebol, assim como a gama de conhecimentos construídos socialmente através dele, permitindo abordar diferentes aspectos e vivenciar novos conflitos, sem desmerecer o aspecto motor e os elementos técnicos-táticos do esporte.
É possivl observar entre os educandos, manifestações de curiosidade sobre outros aspectos encontrados no esporte, entre eles a identificação do Futebol como uma paixão nacional, destacando assim um interesse pela dimensão sociológica e antropológica que o envolve. Dessa forma o aluno écapaz de compreender a afirmação de que "a partir de diferentes óticas, pode-se entender que o ensino do Futebol na escola é mais que ‘jogar futebol’, muito embora o ‘jogar futebol’ seja elemento integrante das aulas de Educação Física". (COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física, 1992).
Contudo, em meio a reflexões e conhecimentos tão enriquecedores, é possível concluir que as aulas de Educação Física podem ser mais que o treinamento das habilidades necessárias à prática desportiva, pois é possível favorecer aos educandos o caminho da busca pelo conhecimento cultural, permitindo-lhes uma formação mais completa e rica através da ludicidade e diversão, colaborando para a formação de indivíduos críticos e emancipados.

Referências bibliográficas
  • Coletivo de autores. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
  • Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
  • Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC, 1998.
  • Freire, João Batista. Educação de Corpo Inteiro. Teoria e prática da Educação Física. Campinas: Scipione, 1989.
  • Freire, João Batista. Pedagogia do Futebol. Londrina: Midiograf, 1998.
  • Revista Nova Escola. Fundação Victor Civita. Edições abril/2002 e maio/2006

Um comentário:

  1. KKKKKKKKKKKKKaaanibal...modifiquei o nome cfe.sugerido...está no blog como + blog...com a nova denominação.abcs...

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