Navegando pelos sites e blogs que tem o esporte como tema
central de suas idéias encontrei esse magnífico texto. Vale à pena ler e
pensar.
Autor(es): José Cruz |
Correio Braziliense - 13/08/2012 |
Jornalista
Temos espetaculares 33 milhões de estudantes, mas é potencial ainda desprezado devido à falta de projetos a partir da prática de educação física, ponto de partida para criar nos jovens a cultura do esporte. Mesmo assim, houve investimentos: R$ 2 bilhões no último ciclo olímpico, mas no alto rendimento. Foi o dobro do aplicado na delegação enviada aos Jogos de Pequim, em 2008. Em 2016, o Rio de Janeiro receberá a histórica Olimpíada. Mas, amadoristicamente, a sexta economia mundial ainda convive com a incerteza sobre os rumos para tornar o Brasil país olímpico. E isso é grave, não só sob a perspectiva de conquistas de pódios como de desperdícios públicos. Porque uma coisa são os jogos, as disputas; outra são os negócios do esporte. Nesse binômio também patinamos. Pelo sistema adotado, o Estado financia os custos da festa, e a iniciativa privada contabiliza o lucro. Assim como no Pan-Americano de 2007, a disputa político-institucional é desequilibrada e onera o cofre público. A partir de 2003, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez a opção por investir no esporte. Criou um ministério específico e turbinou orçamentos. Sancionou a Lei de Incentivo ao Esporte, a Bolsa Atleta, determinou que as oito estatais — Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Casa da Moeda, Correios, Eletrobras e BNDES — aumentassem o patrocínio para 22 modalidades. Além disso, pagou a conta maior dos Jogos Pan-Americanos, com custo total de R$ 3,4 bilhões, cujo legado ficou no projeto. Mesmo com investimentos bilionários, o governo não fez o elementar entrosamento entre as pastas da Educação, Esporte e Saúde; não dotou as escolas de quadras esportivas nem aparelhou as instalações existentes; ignorou a valorização dos professores, ponto de partida para a elementar prática da educação física escolar. Os tradicionais Jogos Escolares e Universitários, que em outros tempos eram fonte de identificação de talentos, saíram da área federal e passaram à competência do Comitê Olímpico. Sem vínculo pedagógico ou compromisso de governo, tornaram-se eventos de calendário, apenas. É nesse contexto de fartura financeira e escassez de programas que repercute o desempenho brasileiro nos Jogos de Londres. Sem exageros, a colocação do país no quadro de medalhas não surpreende. O próprio presidente do Comitê Olímpico, Carlos Nuzman, fez previsão ao afirmar que nos igualaríamos à Olimpíada de Pequim, quando ganhamos 15 medalhas. Como em Jogos anteriores, as apostas de pódios ficaram concentradas em nomes ou equipes tradicionais. E, se esses falhassem, crescia a pressão sobre os demais atletas. E tais apostas não levavam em consideração que outros países também se desenvolveram e preparam as delegações. A Coreia do Sul é o principal exemplo. Houve novidades, como a evolução feminina no judô, pódio no boxe e, principalmente, o ouro de Arthur Zanetti, nas argolas. Mas nenhum desses resultados está vinculado a uma política de governo, o que agrava o quadro para 2016. Afinal, o que significa o futebol no contexto olímpico brasileiro? Para o evento no Rio de Janeiro, a difícil meta é colocar o Brasil entre os 10 primeiros do ranking mundial. As medidas para chegar a essa difícil meta estão atrasadas. Porém o governo precisa fixar, antes, um perfil hierárquico na desordem institucional em que se confundem as competências do Ministério do Esporte e do Comitê Olímpico. Afinal, o Estado deve se envolver com o esporte de rendimento ou isso é competência da iniciativa privada? Dinheiro público deve contemplar atletas ou ser destinado ao desporto escolar, prioritariamente, como determina a Constituição Federal? Os Jogos, enfim, provocam emoções, incentivam o patriotismo e movimentam a economia. Mas o Brasil olímpico ainda está no pódio do amadorismo. |
CONCORDO PLENAMENTE!!!
ResponderExcluirMARCELL