"Quando eu tinha 8 anos..."
“Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã…”
(Casimiro de Abreu)
…Quando eu tinha 8 anos, eu tinha três irmãos (mais tarde eu ganharia mais um) e muitos amigos…
…Morava no meio do mato, feito índio; trepava nos ingazeiros e goiabeiras para apanhar fruta no pé - que feira por perto não tinha - e comia bundas de formigas salteadas na manteiga, da boa, pra nenhum Chef metido à besta por defeito…
…mas a gente tinha sempre como inventar tudo que é brinquedo: uma lata de goiabada vazia pregada em um pedaço de cabo de vassoura virava o volante do carro de corridas…o carro mesmo era um desenho no chão, os pedais eram pedaços de azuleijos ou coisa que o valha; o assento, uma tora de madeira desprezada por alguém. Não havia carro no mundo mais veloz do que aqueles criados pela nossa imaginação. Nem nunca haverá…
…Havia também as piras: pega, esconde, trepa… as pipas de papel de seda e rabiola de saquinho plástico – sem cerol, porque afinal de contas, pipa é pra ficar no céu, colorindo aquela imensidão azul, junto com as borboletas e os pássaros…
…a gente andava de bicicleta por aí, explorando lugares fantásticos, como a Lua ou Marte, brincando de polícia e bandido ou apeando para uma visita rápida a uma casa abandonada e mal-assombrada, loucos de medo – e de vontade – de dar de cara com alguma visagem…
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